sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Alemães da Leica maravilhados com o Alto Minho




Passa pouco das 8 horas da manhã e a agitação é grande na zona envolvente à marina de Viana do Castelo. O espaço começa a ficar preenchido de pessoas e de bicicletas que estão a ser preparadas e testadas para o que se segue: um passeio-convívio em duas rodas que terminou no parque de campismo de Caminha, num almoço de confraternização.

A iniciativa, que decorreu no passado dia 21 de Setembro, insere-se no programa de comemorações dos 40 anos da Leica Portugal, que se desenrolam ao longo de 2013 e que teve como ponto alto a inauguração da nova unidade industrial, em Lousado, na presença do Presidente da República, Aníbal Cavaco Silva.

Cerca de centena e meia de trabalhadores, desde dirigentes, quadros superiores e intermédios, da empresa de Famalicão mas também da casa mãe, na Alemanha, aceitaram o desafio de pedalar pela montanha ou pela costa, numa jornada organizada pelo grupo desportivo da empresa de aparelhos ópticos de visão.

A forma delicada e minuciosa com que, no dia-a-dia, constroem instrumentos tecnológicos de precisão, apenas e só para as melhores máquinas fotográficas do mundo foi bem patente em toda organização que movimentou uma impressionante logística. Muitas das bicicletas vieram da Alemanha.

Não houve percalços ou falhas num evento que serviu para estreitar os laços de amizade entre os colaboradores dos dois países. Com a ajuda dos Tomatubikers, foram criados dois percursos, um mais acessível, junto à costa, sempre com o Oceano Atlântico como pano de fundo, e um outro a exigir maior destreza física, numa incursão pela montanha.

Registada a foto de conjunto, cerca de meia centena optou pelo traçado mais difícil. Ulrich Weigel, director de compras do grupo Leica, seguia entre eles. Adepto confesso do BTT, aquele responsável estava maravilhado com a paisagem e com o clima que encontrou no Alto Minho. Quando deixou Dortmund, na Alemanha, chovia e a temperatura estava pouco acima dos 10 graus centígrados.

Há 20 anos que pratica BTT por isso, não teve dificuldade em escolher o percurso e, à partida, mostrava-se preparado. «Sabemos que esta é uma zona especial, não sabemos mais nada. Esperamos para ver», declarou à reportagem Cidade Hoje, que, acompanhou a par e passo as incidências do evento, com o apoio da Afacycles.
Os primeiros quilómetros, ainda por estrada, conduziram o grupo até ao santuário de Santa Luzia, onde há uns meses Rui Sousa gritou vitória na etapa da Volta a Portugal, cujos sinais permanecem na estrada. Daí à entrada na terra batida foi um ápice e surgiram os primeiros obstáculos, ultrapassados com maior ou menor dificuldade.

A condução do grupo, da responsabilidade dos Tomatubikers, assim como a assistência nas avarias e nos furos, que não foram muitos, fazia com que o grupo se mantivesse coeso ao longo dos cerca de 40 quilómetros. Os trilhos levaram-nos até ao parque eólico de Carreço/Outeiro, onde foi servido o reforço, na zona mais alta do traçado.

«Simplesmente fantástico. O clima e a paisagem são únicos e o convívio entre colaboradores está a ser fabuloso. Isto também ajuda a construir o sucesso de uma empresa», destaca Ulrich Weigel, junto à sua bicicleta com o dorsal número um. «Está a ser uma boa experiência, vimos paisagens que não conhecíamos e contactamos com pessoas simpáticas», acrescenta, sublinhando a importância do contacto com a cultura, o património e a história de um país que a maioria dos representantes alemães desconhecia. «Não estamos em Portugal só para ganhar dinheiro. Queremos ajudar este país que trabalha arduamente e respeitamos isso», atira.

O administrador Pedro Oliveira, que não alinhou no desafio, inteirava-se do estado dos parceiros e recebia a satisfação como feedback de todos eles. Retemperadas as forças, de novo pés ao caminho, agora com um terreno mais propício à velocidade, com algumas zonas técnicas, mas sempre de dificuldade reduzida, como se impunha. Aliás, o traçado mereceu rasgados elogios da comitiva.
Foi junto à capela de Nossa Senhora da Cabeça, em Freixieiro de Soutelo, que deixamos a montanha seguindo em direcção à costa, em Vila Praia de Âncora. Dali foram até Caminha num percurso junto ao mar e que foi percorrido também pelos que participaram no trilho junto à costa.

Este percurso, de menor exigência física, foi feito sempre ao correr da linha de costa. De Viana, com passagem pelas praias de Afife, Paçó, de Vila Praia de Âncora, os participantes foram levados em trilhos que mostraram lugares apenas acessíveis ou a pé ou de bicicleta. Muitos experimentavam pela primeira vez o BTT, e todos chegaram a Caminha com a satisfação estampada no rosto.

O reforço foi feito junto ao Forte de Paçó onde, feitos 12 dos cerca de 25 Km do percurso, todos retemperaram forças. O grupo de alemães que fazia o percurso tirava fotografias para mais tarde recordar. «É lindíssimo. Vocês têm praias fantásticas e o dia convida a um banho de mar. Já tinha estado em Portugal mas não conhecia esta zona do País. Estamos a divertirmo-nos muito» dizia uma das colaboradoras da Leica que viajou desde a Alemanha.

O almoço foi servido no parque de campismo de Caminha. Houve porco no espeto e iguarias tradicionais da cozinha portuguesa.
A animação prolongou-se tarde fora, ao som da concertina e do acordeão e de canções populares e cantares ao desafio.

Para Vítor Lopes, do grupo desportivo da Leica, o ambiente que envolveu esta iniciativa espelha bem o sucesso da mesma. «Depois dos nossos convidados terem dito que fazem BTT há mais de duas décadas, com provas em todo o mundo, e afirmado que o passeio superou todas as que fizeram, espectacular», refere, testemunhando a satisfação plena de quem aderiu a este desafio.

«Ficaram muito surpreendidos e contentes com o convívio e também com o nível da organização», frisa, notando que os colaboradores alemães desafiaram o grupo desportivo a participar na inauguração das novas instalações na Alemanha, no âmbito do centenário do grupo.

Vítor Lopes explica que o intercâmbio foi iniciativa dos colegas germânicos. «Pegámos nesse desafio e até agora está a ser impecável», afirma, notando o empenho e a dedicação da empresa em Portugal no sucesso. «Estava com algum receio pela nossa inexperiência, porque era algo novo, mas foi todo do agrado de todos».