domingo, 3 de março de 2013

ARROJAMENTO DE GOLFINHO EM CARREÇO





A Associação de Protecção e Conservação do Ambiente - APCA, graças à prestimosa informação do carrecense Sr. Vicente, registou novo arrojamento de um golfinho morto na orla costeira da freguesia de Carreço. Este novo arrojamento verificou-se a escassos metros a norte das conhecidas praias de Canto Marinho e Lumiar.

O golfinho agora lançado pelo mar, encaixado entre notáveis afloramentos xistosos, pertence, à família Delphinidae, espécie Delphinus delphis, vulgarmente designado por golfinho comum. Trata-se de um macho adulto com cerca de1,75 m de comprimento, apresentando alguns cortes no dorso e zona ventral resultantes, eventualmente, do embate nas rochas. O estado de decomposição, deste novo cetáceo morto no litoral vianense, indica que terá morrido entre quatro a cinco semanas atrás, coincidindo com a forte ondulação que assolou o litoral minhoto nessa altura.

Recorda-se que o Delphinus delphis é uma espécie muito sociável que ocorre em grupos, podendo reunir entre 10 e 500 indivíduos, embora no Minho os indivíduos de um grupo, raramente, ultrapassem os 20 exemplares. No espaço marítimo do noroeste ibérico, encontra-se, essencialmente, em mar aberto com mais de 180 m de profundidade, ou seja, a menos de 10 Km da costa, podendo, esporadicamente, penetrar em estuários, rias e baías abrigadas, tal como tem vindo a suceder no estuário do rio Lima. Emitem vocalizações diversas e intensas que podem mesmo ser ouvidas fora de água, durando os respectivos mergulhos entre 2 a 8 minutos, sendo igualmente conhecidos pela rapidez dentro de água e comportamento exuberante, executando com frequência saltos acrobáticos, chapões na água e numerosas brincadeiras com as barbatanas. Relembra-se que o Anexo B-IV do Decreto – Lei n.º 140/99, de 24 de Abril, refere o golfinhoDelphinus delphis como uma espécie animal de interesse comunitário que exige uma protecção rigorosa, por outro lado, a captura voluntária de cetáceos ou a comercialização de partes do corpo destes mamíferos marinhos constitui crime, severamente punido pela legislação portuguesa e internacional.

Embora estas últimas ocorrências sejam preocupantes assinala-se, com muito agrado, a diminuição dos arrojamentos nos últimos anos, não obstante o número de cetáceos arrojados mortos no Alto Minho, nos últimos 25 anos, entre os rios Minho e Neiva, está prestes a atingir as três centenas de exemplares. Conforme temos alertado considera-se premente a definição, por parte dos governos de Portugal e Espanha, em articulação com os pescadores locais dos dois países, de medidas de protecção dos mamíferos e répteis marinhos, no espaço marítimo do Norte de Portugal / Galiza, devendo participar neste processo a CIM Alto Minho e o Eixo Atlântico.

Afife, 01de Março de 2013

A Direcção da APCA