segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Praia da Arda: um paraíso de surfistas e pescadores

Ficou para trás a Nacional 13, que liga Viana do Castelo a Caminha. Por entre campos de milho, cerca de um quilómetro sobre uma estrada estreita e calcetada, que desagua num parque de estacionamento antes das dunas, chegamos à praia da Arda. São 10h10 e cai chuva miudinha, quase pulverizada. Apesar do tempo húmido, que intensifica o cheiro adocicado da flora das dunas, a temperatura está amena. O areal repousa ainda, extenso como um deserto, onde, pouco a pouco, vão chegando pequenos grupos. 

Surf esperanças: 4.ª etapa nos dias 12 a 14 de Agosto

Duas criancinhas, de baldinhos na mão, mais a mãe e a avó, o emigrante de bola na mão para entreter os filhos que já não aguentavam ficar em casa, pescadores de cana em riste que vão para a ponta dos rochedos lançar o anzol e surfistas, os mais numerosos. 
É o surf uma das razões que levam esta praia a ser famosa. De 12 a 14 de Agosto, o Surf Club de Viana, que tem a funcionar na Arda uma escola da modalidade, organiza a 4.ª etapa do 'surf esperanças'. 

Da qualidade das ondas dá-nos conta um inglês maduro, John Thorpe, que se fixou por estas paragens há cinco anos, com casa nas redondezas para dar aulas no Porto e regresso sempre que às horas livres o permitem à praia para praticar a modalidade que mais aprecia. “Estas são as melhores ondas de Portugal!” assegura, com um sorriso.

Perguntamos-lhe se prefere um dia assim, como este em que conversamos, de céu carregado e ar húmido, ou de sol quente.
“Para fazer surf são melhores estes dias de neblina. O sol também e bom, mas aqui geralmente quando há sol também faz vento. Mas em Agosto é costume estar mais quente do que se vê este ano”, assegura, explicando que fala da memória que tem dos últimos anos em que no Verão permanece por estas paragens quatro ou cinco semanas. 
“O único problema que encontro nesta praia são os dejectos de cães”, afirma. “As pessoas deviam ter mais cuidado. Mas é uma zona segura”, adianta.

Adiante, encontramos Carole, uma francesa, de prancha no braço. “É a primeira vez que venho para esta praia, mas conheço amigos que já vinham para aqui habitualmente e que conhecem muito bem. Sou uma principiante de surf”, diz. 
Mais surfistas, muitos jovens, continuam a chegar.

Naturistas querem oficializar nudismo entre Carreço e Afife

“Aqui não nudista”, está escrito na medra. Pinturas visíveis nas rochas assinalam, na praia as tensões que se têm feito sentir, na blogosfera e órgãos de informação, sobre a prática de nudismo entre Afife e Carreço. A Federação Portuguesa de Naturismo admite pedir a oficialização, mas a junta de freguesia mantém-se renitente.

Em Junho, a questão teve expressão nacional pela agência noticiosa Lusa, que publicou sobre o tema uma notícia a dar conta que a Federação Portuguesa de Naturistas admitia pedir a oficialização da prática de nudismo na Praia de Paçô, em Carreço, Viana do Castelo. Mas a Junta de Freguesia local garantiu que a resposta será “não”. “Não aceitamos, está fora de questão. Terminante e irredutivelmente”, disse, então, à Lusa, o presidente da Junta de Freguesia de Carreço.

Segundo Viana da Rocha, se aquele pedido for oficializado terá de haver discussão pública e “aí a população de Carreço dará a resposta adequada: não, não e não”.
Emília Paiva, da Federação Portuguesa de Naturistas, revelou que responsáveis daquele organismo iriam neste Verão, fazer visitas às praias do norte de Portugal “onde já é habitual” a prática nudista, para se inteirarem das condições e seleccionarem as que serão objecto de pedido de oficialização. 

“Na praia de Paçô há muito que se pratica o naturismo, tanto por portugueses como por espanhóis, sabemos que é uma praia muito bonita e, como tal, essa é uma das que podem integrar a lista do nosso pedido”, referiu.

Famílias lançam anzóis ao mar e papagaios ao vento

É nestas imediações e alheio à questão, que, em dia de quase chuva, encontramos David Novais. Prepara com os filhos um papagaio para lançar ao vento. Diz-nos que prefere um dia com pouco sol, “porque assim está menos gente na praia, estamos mais descansados”. 
“É um dia porreiro, com o calor queimo-me muito. Mesmo em dias assim também precisamos de nos proteger. Fazemos umas brincadeiras com o papagaio e umas construções na areia”, acrescenta, com os filhos à volta a correr, papagaios soltos ao vento.

Nas mesmas imediações encontramos Rui Ramos, de Vila Nova de Gaia. Está nos penedos, sobre o mar, com um grupo familiar. Cana em riste, faz o lançamento e conta-nos que passa sempre férias por aqui. Já tirou um robalinho. 
“É normal tirarmos sempre alguma coisa, um robalo, um sargo, uma dourada”, acrescenta. Perguntamos se é melhor um dia assim nublado, como se verificava no momento da conversa, ou com sol quente. 

Para pescar prefere sempre um dia de céu cinzento. “Está menos gente na praia. Nos dias quentes, mesmo em zonas não concessionadas há sempre gente que aparece a passear e vem dar-nos cabo da pesca. Esta é uma praia que conheço, costuma dar peixe. Em limpeza, segurança é cinco estrelas. Hoje cheguei às seis da manhã. Nunca tive problemas”.
Apoxima-se o meio dia, o sol já aquece. 
Não se vê ninguém tal como veio ao mundo.